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Em meio às ruínas de Laodicéia foi localizado o local da antiga igreja católica, informaram o diário italiano “Avvenire” e o turco Hurriyet. Laodicéia é uma das sete Igrejas para as quais São João escreve no Apocalipse, último livro da Bíblia.
A cidade de Laodicéia ‒ hoje em território turco ‒ foi inteiramente arruinada e abandonada, mas os escombros que ficam falam de sua grandeza, riqueza e esplendor.
A cidade morna na Fé acabou desaparecendo totalmente. Tal vez os habitantes dos tempos apostólicos julgassem que essa perspectiva era impensável, entretanto foi prevista no profético livro do Apocalipse.
A descoberta foi confirmada pelo professor Celal Simsek, chefe da missão arqueológica turca que realizou as escavações. Os restos do edifício sagrado foram identificados com o auxílio de um radar subterrâneo.
O templo foi construído na época romana e ocupava uma superfície apreciável: perto de 2000 metros quadrados. Ele está em bom estado de conservação.
As escavações devem continuar a fim de que o local possa ser visitado pelos turistas.
Também foi recuperada a pia batismal, que segundo o ministro da cultura turco Ertugrul Gunay è ainda mais bela que a da famosa catedral de Santa Sofia em Istambul.
As pesquisas arqueológicas confirmaram que Laodicéia já existia por volta do século IV a.C. e tornou-se um dos principais centros do cristianismo nascente por volta do ano 40/50 d.C. Ela foi sede episcopal.
A comunidade cristã de Laodicéia é mencionada na Epístola aos Colossenses de São Paulo (2,1; 4, 13ss), além do Apocalipse (3,14 ss).
São João escreveu para a última das famosas sete igrejas do Apocalipse:
E ao anjo da Igreja de Laodicéia escreve: Isto diz o Amém (isto é, aquele que é a mesma verdade), a testemunha fiel e verdadeira que é principio das criaturas de Deus.
Conheço as tuas obras, que és nem frio nem quente oxalá foras frio ou quente; mas porque és morno, e nem frio nem quente começar-te-ei a vomitar da minha boca, porque dizer: Sou rico e cheio de bem, de nada tenho falta; e não sabes que és um infeliz, e miserável, e pobre, e cego, e nu.
Aconselho-te, que me compres ouro provado no fogo, para te fazeres rico, e te vestires de roupas brancas (da santidade), e não se descubra a vergonha da tua nudez, e unge os teus olhos com um colírio, para que vejas. Eu, aos que amo repreendo e castigo. Tem, pois, zelo, e faz penitência. Eis que estou à porta (do teu coração), e bato. Se alguém ouvir a minha voz, e me abrir a porta, entrarei nele, e cearei com ele e ele comigo.
"Eis que estou à porta, e bato" (3,14 ss)
Aquele que vencer eu o farei sentar comigo no meu trono, assim como eu mesmo também venci, e me sentei com meu Pai no seu trono. Aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas. (3,14 ss)
Os escritos bíblicos têm várias profundidades de interpretação. A primeira ‒ que é o início de conversa ‒ é a interpretação histórica.
Quer dizer, o que é descrito, é uma realidade existente ou que historicamente existiu.
No caso, a recente descoberta arqueológica forneceu mais uma confirmação científica, colateral mas preciosa, da vida e existência dessa cidade desaparecida.
Laodicéia não é um mito, uma saga, uma mera alegoria literária, mística ou profética.
Foi uma cidade, com a riqueza e a vaidade apontadas, com seus habitantes merecedores da increpação divina: “oxalá foras frio ou quente; mas porque és morno, e nem frio nem quente começar-te-ei a vomitar da minha boca“ (3,14 ss).
As ruínas achadas estão ai para confirmar a realização histórica dessa profecia.
As grandiosas ruínas confirmam também as palavras do discípulo amado à cidade orgulhosa e relativista: “Sou rico e cheio de bem, de nada tenho falta; e não sabes que és um infeliz, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (3,14 ss). A cidade rica ficou nua: mais nada a protegeu da intempérie, as ruínas estão a céu aberto.
"Porque és morno, e nem frio nem quente começar-te-ei a vomitar da minha boca" (3,14 ss). Ruínas de Laodicéia
Num segundo passo a interpretação visa o significado simbólico do trecho bíblico.
No entender de grandes intérpretes das Escrituras como os famosíssimos Pe. Cornélio a Lápide SJ e Pe. Bartolomeu Holzhauser, as sete igrejas representam as épocas em que se divide a História a partir da Redenção até o fim do mundo.
A Igreja de Laodicéia é a última das sete e as palavras referem-se ao estado da Igreja e da humanidade na última era histórica. Quer dizer, no fim do mundo quando Nosso Senhor Jesus Cristo voltará em pompa e majestade a julgar aos vivos e aos mortos.
O fato de Jesus Cristo vomitar a humanidade do fim do mundo não é tanto por ignomínias dessa época conclusiva dos tempos. Mas, aparece como sendo causada pela mediocridade e pela indiferença, quer dizer do relativismo geral instalado nela: “porque és morno, e nem frio nem quente começar-te-ei a vomitar da minha boca”.
Simultaneamente, o texto de São João fala de uma coluna que assegurará a permanência da Igreja. É, portanto, um resto de fiéis à Igreja que Nosso Senhor não vomitará. Podemos supor que sejam aqueles fiéis que, segundo diversas e avalizadas interpretações não vão morrer na conflagração final.
O Amém com que começa o vaticínio divinamente inspirado parece também significar que chegou o fim da História.
A Laodicéia Deus pediu penitência: “Tem, pois, zelo, e faz penitência. Eis que estou à porta (do teu coração), e bato. Se alguém ouvir a minha voz, e me abrir a porta, entrarei nele, e cearei com ele e ele comigo“ (3,14 ss).
Em La Salette, em Lourdes, em Fátima, Nossa Senhora veio também a nos pedir penitência, mas prometeu uma restauração futura da Igreja. Portanto, essas intervenções da Mãe de Deus não apontam para o fim do mundo em nossos dias, mas estabelecem uma certa analogia de defeitos morais entre uma e outra época.
Essas aparições sugerem que o nosso tempo não é o prefigurado pela igreja de Laodicéia, embora tenha analogias com ele e muitas das palavras dirigidas a essa igreja mereçam ser dignas de uma meditação e uma aplicação séria a nossa época.
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